sábado, 14 de fevereiro de 2009

Novo mapa topográfico da Lua sugere pouca água em seu interior.

 Utilizando dados da sonda lunar Kaguya (Selene), cientistas do Observatório Nacional do Japão criaram o mais detalhado mapa topográfico já feito do nosso satélite, revelando crateras jamais vistas nos polos da Lua. Os dados também revelam que a crosta da Lua é tão rígida que torna muito escassa a presença de água.

image

Reprodução do mapa topográfico da Lua em alta-resolução, feito a partir de dados altimétricos obtidos pela sonda japonesa Kaguya, mostra todo o satélite em projeção Hammer. Créditos: Hiroshi Araki et al. 2009

O novo mapa topográfico foi criado pela equipe do cientista Hiroshi Araki, utilizando dados de um altímetro-laser (LALT) a bordo da sonda Selene (Selenological and Engineering Explorer), capaz de escanear a superfície lunar com resolução de 15 km, a melhor até hoje conseguida. Os dados mostraram que o ponto mais elevado são as encostas da bacia equatorial Dririchlet-Jackson a 11 quilômetros de altitude, enquanto o ponto mais profundo se localiza no pólo sul, no fundo da cratera Antoniadi a 9 quilômetros de profundidade.

O objetivo do mapeamento é estabelecer os locais de pouso e prospecção para os futuros jipes-lunares que em breve serão lançados em direção ao satélite.

"A superfície pode nos dizer muitas coisas sobre o que acontece no interior da Lua, mas os mapas disponíveis até agora eram muito limitados", disse C.K. Shum, professor de ciências da Terra da Universidade de Ohio e um dos participantes do projeto. "Com o novo mapa em alta-resolução podemos confirmar que atualmente existe muito pouca água na Lua, mesmo em suas profundezas. Além disso, as informações coletadas pelo satélite serão usadas para estudarmos sobre a água em outros planetas, inclusive Marte".

Os dados coletados pela sonda permitiram aos cientistas estimarem a rugosidade da superfície e calcularem a rigidez da crosta. Segundo Araki, se a água fluísse por baixo do terreno, a crosta seria mais flexível, mas não é. Os resultados mostram que a superfície é demasiadamente rígida para permitir a existência de que qualquer água líquida. Na Terra, ao contrário, a superfície é mais flexível, com o terreno se moldando de acordo com os caminhos de água acima ou abaixo do terreno.

Os últimos três mapas topográficos da Lua foram feitos pelas missões Apollo, nos anos de 1970 e pela nave Clementine, em 1994. Essa última mapeou o satélite com resolução entre 20 e 60 quilômetros, mas apenas em algumas regiões. Os dados captados pelo Altímetro-Radar da Selene são muito mais precisos e cartografou a Lua com precisão de 15 quilômetros cobrindo todos os pontos da superfície.

image

Topografia lunar vista a partir dos polos. Créditos: Hiroshi Araki et al. 2009

Impacto Lunar

A Nasa confirmou ontem que a Sonda de Reconhecimento Lunar, ou LCO, será lançada no próximo dia 24 de abril. A missão é o primeiro passo para o retorno de astronautas americanos à Lua e deverá permanecer pelo menos 1 ano em órbita do satélite, coletando dados topográficos e ambientais.

Outro objetivo bastante polêmico da missão LCO será a colisão da sonda conjunta LCROSS contra a superfície da Lua. O impacto tem o objetivo de descobrir se existem depósitos de água congelada em crateras nunca expostas à luz solar.

image

A colisão ocorrerá a 9 mil km/h, produzindo uma explosão equivalente a 1 tonelada de TNT. O impacto ejetará uma grande quantidade de material das profundezas da cratera e que será exposto à luz do Sol, permitindo aos astrônomos detectarem eventuais traços de água através da análise espectral do material ejetado.

Artes: No topo, reprodução do mapa topográfico da Lua em alta-resolução, feito a partir de dados altimétricos obtidos pela sonda japonesa Kaguya. O primeiro mapa mostra todo o satélite em projeção Hammer. O segundo mostra a topografia lunar vista a partir dos polos. Créditos: Hiroshi Araki et al. 2009.

Fonte: Apolo 11