terça-feira, 10 de março de 2009

Telescópio Kepler em busca de planetas rochosos

09 de março de 2009

Lançado com sucesso na sexta-feira, Telescópio Espacial Kepler deverá monitorar o brilho de cerca 100 mil estrelas com alta precisão

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A bordo de um foguete Delta II foi lançado em Cabo Canaveral, em 6 de março, o telescópio Kepler, em órbita heliocêntrica com um período de 372,5 dias. A missão foi projetada para monitorar 100 mil estrelas com brilho entre 9ª e 16ª magnitudes em um campo de visão de 105 graus quadrados, pelos próximos 3,5 anos. Mas se tudo correr bem a missão poderá ser prorrogada até 2014.
Ultrapassada a marca de 340 planetas detectados fora do Sistema Solar, os astrônomos agora estão mais perto de descobrir exoplanetas rochosos, mais parecidos com a Terra. A maioria já descoberta é de gigantes gasosos como Júpiter, mas é impossível prever o que Kepler irá encontrar, avalia William Borucki um dos pesquisadores da missão.
O telescópio tem 0,95 metro de comprimento e uma câmara de 95 megapixels, formada por 42 dispositivos de carga acoplada (CCD na sigla em inglês), o que corresponde a uma área de 700 cm2. O campo estelar engloba partes das constelações de Lira e Cisne.

Os cientistas não poderão ver os planetas diretamente, segundo Jim Fanson, principal responsável pela missão Kepler; eles vão monitorar o brilho de estrelas com uma precisão de 20 ppm (partes por milhão) para detectar seu enfraquecimento provocado pelo trânsito de planetas das dimensões da Terra.
Um planeta como o nosso reduz o brilho da estrela que orbita em aproximadamente 84 ppm. A redução do brilho deverá durar de 3 a 12 horas e deverá ser periódica, para caracterizar um exoplaneta terrestre. "É como medir uma pulga saltando na frente do farol de um carro à noite. Esse é o nível de precisão que precisamos alcançar.”
Os astrônomos poderão usar os dados da missão para determinar o tamanho, massa e outras características de exoplanetas recém descobertos, mas embora o telescópio tenha sido projetado para encontrar planetas coma a Terra, “ele não determinará a presença de vida em qualquer um deles”, comenta a astrônoma Debra Fischer da San Francisco State University. Na verdade, esses planetas podem não ser muito parecidos com a Terra; podem não ser mundos rochosos, mas aquáticos, capazes de conter vida como em nossos oceanos, mas talvez não estejam enviando sinais de rádio em nossa direção, acrescenta ela.
A missão Kepler permitirá que os astrônomos obtenham uma medida estatística da ocorrência de planetas desde as dimensões da Terra até do tamanho de Netuno orbitando estrelas normais a até duas unidades astronômicas (UA). Uma UA equivale à distância média entre o Sol e a Terra. Pela primeira vez saberemos se planetas rochosos como a Terra também são comuns fora do Sistema Solar.

Fonte: Scientific American Brasil